O QUE É SER UM ROTARIANO?
Resumo da palestra proferida no Rotary Clube do Recife, no dia 07 de abril de 2005 em Alberto Bittencourt. O Rotary foi fundado em 1905 numa época em que a palavra empenhada tinha um valor muito forte. O que prevalecia, acima dos contratos escritos e assinados, era o acordo de cavalheiros, com a única garantia do fio de bigode. O que se dizia “apalavrado” era sagrado, seu cumprimento, questão de honra. Era o código de ética em vigor numa Chicago conturbada pela corrupção e pela violência.
Ao completar seu primeiro centenário, talvez seja a ética a única coisa rígida do Rotary. Em questões de ética, o Rotary é hoje o mesmo de 1905, quando foi fundado por Paul Harris. A ética em Rotary é um princípio que não pode mudar, e é graças a elevados padrões de ética, que o Rotary certamente chegou aos 100 anos e aspira mais 100 anos de sucesso. Não podemos afirmar que a Prova Quádrupla seja um código ou tratado de ética, pois se trata apenas de uma reflexão, uma indagação, um questionamento sobre o que nós pensamos, dizemos e fazemos, nada mais do que isso.
A Prova Quádrupla está para um código de ética assim como uma jangada está para um transatlântico. Uma jangada, na sua simplicidade é perfeita, não afunda, pode passar um tsunami que ela continua a flutuar. Já o maior transatlântico, o mais perfeito, como se dizia ser o Titanic em 1912, um navio impossível de afundar, não passou da primeira viagem. Eles tinham tanta certeza que o Titanic jamais afundaria, que o número de lugares dos botes salva-vidas, comportava apenas um terço dos passageiros e tripulação. Resultaram do naufrágio 1.500 mortos e 750 pessoas resgatadas com vida.
A simplicidade da Prova Quádrupla, é como a jangada, fácil, simples, não tem nada a ver com tratados complexos, porque quanto mais complexo é um tratado, mais difícil de ser aplicado. A Prova Quádrupla pode ser comparada a quatro peneiras de malhas diferentes. Pega-se “Tudo o que pensamos, dizemos e fazemos” e coloca-se na primeira peneira: “É a verdade?” Pergunta simples, que não admite discussão. A gente ouve por aí, qualificações sobre a verdade. Já chegaram até a dizer: ”verdade verdadeira”. Toda verdade é sempre inquestionável, insofismável, absoluta, não é como aquela música: “mamãe estou ligeiramente grávida”. Ou está não está. Assim é a verdade. Ou é verdade, ou não é, não existem meias-verdades.
Agora, existem profissionais que não aceitam a Prova Quádrupla, porque não consideram a verdade como absoluta. Por exemplo, um mau político, para o qual a verdade muitas vezes é deturpada em favor de seus interesses eleitorais. Já dizia o falecido senador Roberto Campos: “em política o que interessa não é o fato, é a versão”. Um gestor que malversa fundos públicos, esse não comunga com a Prova Quádrupla, já no seu primeiro quesito, porque honestidade é sinônimo de verdade. Porém, a verdade absoluta mesmo, essa pertence a Deus, pois que a nossa percepção, limitada pelos cinco sentidos, nos permite conhecer apenas uma parte relativa dos mistérios da vida. Passou na primeira peneira, vem a segunda peneira, de malhas mais estreitas: “É justo para todos os interessados?”. Eu encaro a justiça como uma coisa que deva ser sempre objetiva, uma relação de causa e efeito. Se é justo em determinado assunto, tem de ser justo para todos os interessados. Se você considera a justiça como algo subjetivo, como algo que não seja uma relação de causa e efeito, o que é justo para uns, poderá não ser para outros. O que era justo para Hitler não era justo para os povos perseguidos, o que era justo para os ingleses no tempo de Gandhi, não era justo para os indianos.
Depois dessa peneira, vem a terceira peneira: “Criará boa vontade e melhores amizades?” Aí está a essência do Rotary: a solidariedade, a mútua cooperação, o companheirismo. Tudo o que nós fazemos deve somar. A solidariedade une, a desarmonia, o desentendimento, separam. Tudo o que gera divisão não está de acordo com a Prova Quádrupla.
Por fim, vem a quarta e última peneira: “Será benéfico para todos interessados?” Essa é a finalidade do Rotary: gerar o bem. Numa sociedade em que prevalece o egoísmo, o egocentrismo da lei de Gerson “sou brasileiro, gosto de levar vantagem em tudo”, cada um quer tirar proveito maior, vantagem maior, não importando os meios, lícitos ou ilícitos. Não é isso que a Prova Quádrupla prescreve. Passou nas quatro peneiras, pode fazer, pode aplicar. Se levarmos a Prova Quádrupla para todas as nossas ações, no trabalho, nas relações familiares, nas relações comerciais, teremos a certeza de estarmos sempre agindo corretamente.
Companheiros, a Prova Quádrupla também prescreve o comportamento dentro do clube. Quando nós nos tornamos rotarianos, assumimos o compromisso de pagar em dia as mensalidades, de freqüentar o clube, de assumir posições de liderança chegado o momento. Já disse alguém que a oportunidade de se dizer não é uma só. É quando o rotariano é convidado. Aí ele pode dizer não. Porém, a partir do momento em que aceita, a sua obrigação é dizer sim a todos os chamamentos de trabalho, a todas as convocações de servir. Se aceita o compromisso, então tudo passa a ser uma obrigação, do contrário, estará retido nas malhas da primeira peneira.
Por fim, eu comparo a nossa Prova Quádrupla a um mantra. Vocês sabem que as filosofias orientais, nas meditações, repetem durante milênios palavras sagradas que se tornam pela sua força, palavras que captam, concentram uma energia muito forte. São os mantras. Eu sugiro aqui a todos vocês que tenham a Prova Quádrupla, como mantras. Se você repetir cem vezes: “é verdade?,” você nunca vai cometer nenhuma ação que não seja verdadeira. Se você repetir cem vezes em pensament “é justo para todos os interessados?”, você nunca fará uma injustiça. Se você repetir: “criará boa vontade e melhores amizades?” cem vezes, você sempre agirá assim. Se você repetir nas suas meditações: “é benéfico par todos os interessados?” você jamais vai fazer alguma coisa que não seja benéfico, e aí você terá se tornado um verdadeiro rotariano, um pacifista como foram Gandhi e tantos outros mestres pacifistas.
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